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Relatório

21/06/2013 15:38

RELATÓRIO DE ANÁLISE DOS DADOS DAS VISITAS FAMILIARES E DA SEGUNDA ENTREVISTA COM PAIS – 27/05 A 06/06/2013

Dra. Vani Maria de Melo Costa (*)

INTRODUÇÃO

                                  As visitas aos familiares dos alunos da EMEB Izaltina V. Alves fazem parte das atividades desenvolvidas pelo projeto: “Estudo da Expressão Corporal e da Situação Social de Desenvolvimento de crianças, para identificação das origens dos distúrbios no desenvolvimento.  O referido projeto visa assessorar o professor em suas dificuldades em sala de aula, especificamente as de natureza comportamental, consequentes de distúrbios no desenvolvimento das crianças.

                                Tendo em vista que as crianças refletem na escola os problemas escolares, por que reproduzem a conduta do contexto familiar no contexto escolar, é de fundamental importância conhecer o contexto de onde se originam os comportamentos infantis, reflexos da formação familiar, por isso as visitas familiares (Erickson. 1998).

                                   Em um primeiro momento, foi realizada a relação de endereços, dados estes conseguidos na escola. Os endereços coletados na escola mostraram um panorama geofísico da cidade de Palestina, significa dizer que os alunos se originam dos diversos bairros, inclusive da região rural. A partir disso, os endereços foram organizados em quatro setores. Em seguida, os endereços foram localizados no mapa urbano de Palestina, o que facilitou a realização das visitas, em cada setor. Os endereços não encontrados, os pais foram contados por telefone, o mesmo procedimento foi feito com os pais que trabalham o dia todo.

                                No dia 26/05/2013 tiveram inicio as visitas e terminadas no dia 06/06/2013. A pesquisadora tomou o cuidado para não iniciar diariamente as visitas antes das oito horas da manhã, assim, todas as visitas aconteceram após as nove horas, algumas a noite, entre 19 e 20 horas para contatar os pais que trabalham.                             

                                 Durante as visitas foram três tipos de atividades: 1. A segunda entrevista com os pais, direcionada para a obtenção de dados referentes à educação dada aos filhos, se com ou sem limites. Para evitar qualquer conotação critica, ou de recriminação, as perguntas partiam sempre de comentários acerca da educação que os pais, quando crianças, receberam em suas famílias e em suas escolas. De tais comentários, naturalmente se direcionava para o momento presente e a educação dada aos filhos; 2. Identificação da rotina da casa, mediante um gráfico em que os pais selecionavam, entre quatro exemplos, o que mais representava a rotina de sua casa; 3. Colocar a pesquisadora a disposição dos pais.

                                  Ao todo foram 34 contatos, 20 visitas presenciais e 14 contatos por telefone. Das visitas presenciais, em duas delas, a pesquisadora foi atendida pelo pai, uma em que o casal participou da entrevista, duas em que a avó representou os pais e 15 em que as mães responderam as questões da entrevista. Os contatos por telefone, todos foram feitos com mães.

                                Este relatório esta organizado em momentos, seguindo a sequencia natural das observações realizadas nas visitas, as descrições seguem um protocolo pré-estabelecido para garantir a cientificidade necessária, que consiste em: 1. Dados Geofísicos; 2. Dados Sociais e 3. Dados Cognitivos; 4. Dados Socioculturais, cada dado é escrito seguido de sua análise teórica.

                                Primeiramente, os dados serão apresentados tal como foram coletados em campo, como se observa nos itens de 1 a 4 da organização do texto, posteriormente as Considerações Finais e Bibliografia.

                           

1. DADOS GEOFÍSICOS

                              Os endereços foram localizados no mapa urbano de Palestina, o que facilitou a realização das visitas, em cada setor, as ruas foram agrupadas pela proximidade possível.

                               A relação de endereços coletados na escola mostrou um panorama geral e geofísico da cidade de Palestina, significa dizer que os alunos se originam dos diversos bairros, inclusive da região rural. Por este motivo o espaço urbano foi dividido em setores para a realização das visitas.

 

1.1 ENDERÊÇOS

                                Do total de 34 endereços, 12 não foram encontrados e, em dois, os pais não se encontravam na residência por motivo de trabalho, em mais dois casos os pais haviam mudado de residência, mesmo assim foi possível localizá-los com a ajuda dos antigos vizinhos. Alguns endereços a apresentadora percebeu a mudança no nome da rua, o que não ofereceu grande dificuldade. Em geral, a cidade apresenta boa organização geofísica, com indicações claras de ruas e números das casas.

 

1.2 MORADIAS, ECONOMIA E SAÚDE

                                Os bairros são relativamente novos, casas vistosas, em conformidade com o padrão arquitetônico cultural, em geral não aparentam estar em um mal estado de conservação, ou em estado de abandono.

                                 Todas as casas apresentavam antena de TV, parabólica e a cabo, também aparelhos de DVD e demais eletrodomésticos e eletrônicos. Todas são de alvenaria, com jardim, alpendre, garagem com uma ou mais conduções, quintal espaçoso, aproveitado com praticidade e segurança para a família. O aspecto geofísico observado revela a nova situação da economia brasileira em que as pessoas conquistam melhor qualidade de vida.

                             O cuidado com a moradia, pelo morador é notável. Em apenas uma moradia a criança não tinha lugar individual para dormir e estudar, nas demais a criança era participante do território familiar, o que indica inclusão. A organização do interior revelou cuidado para com o bem estar da família.

                             O diálogo com as mães e/ou avós revelou a preocupação com a saúde da criança, frequentemente mostravam à pesquisadora laudos médicos, receitas medicas, exames e demais documentos médicos. Em alguns casos as crianças estavam com consultas marcadas para os próximos dias, além dos retornos periódicos aos especialistas infantis que as atendem periodicamente, monitorando a condição física e de desenvolvimento.

                                                            

2. DADOS SOCIAIS

                                  Segundo M. Maffesoli (1984) o espaço fala, expressa aspecto do modo de vida de quem os ocupa, até mesmo as crenças e principalmente a cultura que orienta o modo de conduta das pessoas. As moradias dos alunos da EMEB Izaltina V. Alves mostram que as vizinhanças são tranquilas, as relações estabelecidas são de pessoas que se conhecem, que sabem dar informações. Conforme afirma M. Maffesoli (1988) os vizinhos mantém comunicação implícita, com ações subterrâneas, toda ajuda é muitas vezes silenciosa, um telefonema, uma indicação ou informação, uma atenção, um ouvido/ombro para desabafos, uma palavra de consolo e ânimo, uma xicara de açúcar ou café, e outros. São pequenas e silenciosas ajudas que mantêm resistente o tecido social.

                                Os vizinhos surgiam curiosos e interferiam nas entrevistas, muitas vezes a intervenção era provocada e motivada pela necessidade de informações. A intervenção dos vizinhos foi, em alguns casos, essencial para a pesquisadora, por que facilitou as buscas, com informações dos horários em que as famílias se encontravam em casa, ou acerca dos novos endereços daqueles que haviam recentemente mudado de residência, até mesmo para outro bairro, dando telefone e tudo mais.

                                 O período das festas do Peão de Rodeio de Palestina foi o escolhido para que as visita familiares acontecessem, ocasião do ano com festividades muito esperadas por todos os palestinenses. Na segunda-feira, dia 06/06/2013, após o domingo de festejos, a pesquisadora teve que mudar o horário das visitas por que as famílias dormiram até mais tarde, o que é bastante compreensível e revelador do nível de socialidade e participação dos cidadãos, bem como a preocupação com o lazer familiar.

                               As pessoas pareceram bem informadas a respeito dos acontecimentos palestinenses, a maioria lê o jornal local, com notícias da cidade e região. As famílias frequentam igrejas e realizam pequenos passeios, além disso, recebem os vizinhos para os churrascos de finais de semana e outros tipos de comemorações.

                                Em geral, as famílias frequentam a casa dos avós aos domingos, caso não seja possível, devido à ausência dos mesmos, a reunião familiar passa a acontecer na residência de um tio/tia mais velho (a). Com isso, as famílias demonstram o apresso pela ambiência familiar e a união entre seus componentes.  Mesmo que as famílias inteiras não se encontrem aos finais de semana, com o assentimento dos pais, a criança/aluno raramente deixa de frequentar a casa dos avós ou dos tios, como alternativa para os sábados e domingos, uma espécie de férias semanais.                                

                               Seguem os itens relativos à observação da Expressão Corporal dos entrevistados, por motivos óbvios, os contatos por telefone não farão parte desta análise, por que requerem protocolo diferenciado.

 

2.1 ACOLHIMENTO

                              O acolhimento somente será comentado, tendo como referência as vinte visitas preferencias. Como todo brasileiro, o palestinenses é também hospitaleiro, àqueles que não conheciam a pesquisadora, a presença inesperada causou estranhamento, impressão esta dissipada assim que os pais compreendiam os objetivos da visita. Para aqueles que conheciam a pesquisadora a acolhida foi vibrante e animada. Em verdade, todas as visitas tiveram boa receptividade, disposição para informar, responder as perguntas e participar da entrevista.

                            As expressões foram honestas, não houve manifestações exageradas, próprias de situações em que o entrevistado esconde algo e tenta mascarar o ambiente, os pais foram muito francos e precisos em suas respostas, por isso, não caíram em contradições. O modo de conduta dos pais, aberto e honesto contribuiu na agilidade dos diálogos, de forma que a pesquisadora não precisou dispor de muito tempo em cada visita. O diálogo, direto e objetivo com pais, fez das entrevistas experiências válidas, enriquecedoras e favoráveis à percepção das impressões causadas, no caso, os pais expressavam satisfação com a atenção da escola para com eles e a educação dos filhos.                               

 

2.2. POSTURA CORPORAL

                               A linguagem corporal dos pais foi observada para captação de informações quando aos padrões socioculturais que determinam a ambiência familiar. Em nenhum caso foi feito diferente disso, a privacidade dos pais foi protegida e respeitada acima de tudo. Geralmente se observa a linguagem corporal para detectar contradições, dúvidas e indecisões e, quando estas são manifestadas, a pesquisadora procurou ampliar a forma de entendimento.

 

2.2.1. A postura de guarda

                              A postura corporal é importante e reveladora das reais impressões dos entrevistados, pode ser voluntária e involuntária, quando involuntária dificilmente o entrevistado tem consciência dos significados das posições do próprio corpo.

                                A postura de guarda foi estudada por E. Eibsfeldth (1977), um dos mais renomados antropólogos do século XX, conhecedor de enumeras comunidades e tribos pelo mundo afora. Em suas observações o autor identificou uma postura comum naqueles que o recebiam em seus espaços familiares, que ele denominou de postura de guarda, que é colocar-se de frente para o entrevistador e de costas para a casa, postura esta própria do cuidador, do guardião da casa, daquele que a defende e protege. De frente para o desconhecido porque terá que enfrenta-lo e de costas para o que já é conhecido. Esta postura é antropologicamente constatada, porque faz parte da filogenia humana, da época em que o homem morava em covas e cavernas, em que o líder do grupo humano se colocava de frente para o estrangeiro e de costas para a caverna, em sinal de defesa do seu território. Também o vigia da caverna, durante a noite, se colocava na mesma postura para defender o grupo d0s invasores noturnos. A maioria dos pais adotou esta mesma posição durante as entrevistas, com esta postura deu o recado de que naquela casa havia um dono, um cuidador e um protetor.

                                 Na leitura da pesquisadora, esta manifestação corporal significou que a casa visitada era bem defendida e cuidada, com bons afetos pela casa e pela família. Em tempos atuais, a postura de guarda só se manifesta diante do estranho ao ambiente familiar, ou diante do aparecimento de alguém que, em primeiro momento, causa preocupação devido ao desconhecimento dos motivos da visita. Uma vez esclarecidos, a postura de estranhamento se mantinha, contudo a expressão facial, os olhares se mostravam mais relaxados e despreocupados, chegavam mesmo a desculparem-se e agradecer pela atenção a que não estavam acostumados, convidavam a entrar, a sentar, ofereciam água, café e, ao final, convidavam a repetir a visita.

 

  • Postura corporal

 

Visitas

Postura de guarda

Posturas diversas

20

15

05

G1. Postura de guarda dos anfitriões, observação natural realizada no período de 27/05 a 06/06 de 2013

                               Em cinco casos o entrevistado se manteve de lado, para a casa e para o entrevistador, tais posturas não significam necessariamente algo diferente da guarda do território, e sim um intento em guardar-se, não se expor ao estranho.                                                               

 

2.3. POSIÇÕES E MOVIMENTAÇÕES CORPORAIS

                                As posições corporais são a composição geral das posturas corporais, estas mais amplas. A referência às posições corporais são as descrições de como se posicionam as diversas partes do corpo, sendo intencionais ou não, sempre terão significado e serão passíveis de interpretações. O campo de interpretação científica das posições de partes do corpo é vastíssimo, não seria possível esgotá-los neste relatório, por este motivo, foram selecionadas algumas partes corporais, pela relevância de seus significados.

                                             

 

2.3.1. POSIÇÕES DO PEITO

                                Tanto F. Davis (1999), como A. Lowen (1987) e E. Eibsfeldt (1977) concordam com a interpretação do peito aberto, expressão que revela comunicação efetiva no diálogo, interesse, aceitação e acolhimento. A posição do peito aberto é aquela em que o entrevistado se posiciona de frente para o entrevistador, sem colocar nada entre ambos. É natural o entrevistado colocar braços e mãos frente ao peito, enquanto fala, como autoproteção, reserva e cuidado. Colocar braços e mãos frente ao peito não significa obrigatoriamente rejeição, é apenas uma manifestação do medo de errar, ou de causar má impressão. 

 

  • Posição do peito (peito aberto)

 

Visitas

Peito aberto

Posições diversas

20

14

06

G2. Posição de peito aberto dos anfitriões, observação natural realizada no período de 27/05 a 06/06 de 2013.

 

2.3.2. POSIÇÃO DOS BRAÇOS E PERNAS

                                Segundo A. Lowen (1988), estando a pessoa em pé ou sentada, a posição das pernas revela intenções nem sempre verbalizadas, tais como: níveis de aceitação, rejeição, conservadorismo, vontade e recebimento. O autor leva em consideração a cultura ocidental em que as crianças recebem orientações diferenciadas quanto à posição das pernas, por questões de boa educação, boa postura, moralidade, ética e estética (elegância) recomenda-se pernas rígidas e entreabertas para os meninos, e pernas mais próximas, mais maleáveis ao jogo do quadril, para as meninas. Geralmente pessoas que tendem a manter as pernas entreabertas são conciliáveis, maleáveis, manipuláveis, compreensivas, de bom coração, com tendência à desorganização e ao descontrole. Já as pessoas que mantêm as pernas com o tono muscular rígido, com os joelhos e os calcanhares muito próximos são excessivamente econômicas, de temperamento difícil, teimosas, reservadas e desconfiadas. Estamos falando em tendências e não em rótulos.

                                   Em conformidade com a situação e necessidade, independente do sexo ou sexualidade, as pernas podem também exercer a função de defensoras do espaço pessoal, uma opinião ou postura, a pessoa estende um dos pés para fortalecer posição e equilíbrio,  ou para ocupar um espaço maior, quando este espaço se encontra ameaçado, o movimento de perna evita prováveis invasões, ou aproximações indesejadas.

                                 Os braços têm o papel essencialmente de defensores do espaço pessoal, por que defendem o espaço ocupado pelo corpo, delimitam o território pessoal, protegem o emocional e o corpo em geral. Quando os braços se posicionam ao lado do corpo estabelecem ou delimitam o território corporal. Isso pode ser feito de modo relaxado, com braços caídos e soltos, ou de modo tenso, com braços encolhidos, com um ângulo de 90º entre o braço e o antebraço, esta posição dos braços é característica de pessoas idosas, devido à perda da flexibilidade corporal. Os braços posicionados ao lado do corpo de modo relaxado pode também indicar tendência ao desleixo, compulsão material ou mental.

  • Posição de pernas e braços

 

Visitas

Posição das pernas

 

20

Entreabertas 10

Próximas e rígidas 10

 

Posição de braços

 

 

Ao lado do corpo 06

Frente ao peito 14

 

Relaxados 02

Tensos 04

 

G3. Posição de braços e pernas dos anfitriões, observação natural do período de 27/05 a 06/06 de 2013.

 

 

 

 

2.3.3. GESTOS E OLHARES

2.3.3.1 GESTOS

                                A definição pratica de gestos é: pequenos movimentos do corpo, a gestualidade corporal é concebida como as pequenas alterações ou nuances dos movimentos maiores, dos ombros, dos braços e mãos, dos pés e rosto. São muitos, alguns culturais, outros pessoais, por isso não há como quantificá-los, mas é possível qualifica-los através da interpretação destes no contexto geral das expressões corporais. Geralmente os gestos não são reconhecidos separadamente pelo olhar, não são vistos separadamente e sim no conjunto de movimentos do corpo. Os gestos dos pés e das mãos são muito importantes e reveladores das intenções da fala, porém não são notados da mesma forma no diálogo, nele os gestos dos pés são os menos notados e o das mãos os mais marcados e perseguidos pelo olhar. F. Davis (1979), em sua obra: A comunicação não verbal dedicou o capitulo oito À dança das mãos, nele define os gestos manuais como o desenho da fala e do pensamento. As mãos desenham a fala, por que a acompanha, ao mesmo tempo expressam também o pensamento, aquilo que a fala não manifesta, por impossibilidade ou conveniência.

                                 Um bom trabalho de observação e interpretação dos gestos de mãos deveria ser realizado somente com este único propósito. A presente pesquisa tem vários propósitos, todavia, durante as entrevistas alguns gestos de mãos foram captados, punhos maleáveis ou rígidos, com mãos que se movimentam de forma maleável ou rígida, com os dedos soltos e separados, ou com os dedos rígidos e próximos, com as palmas para cima,

(franqueza, desprendimento, carência e receptividade) ou para baixo (dificuldade de relacionamento, para fazer amizades, vergonha e discordância). Palmas para cima, expostas revelam franqueza e Para a interpretação dos gestos foram organizadas duas categorias de análise:

1. Punhos soltos, mãos maleáveis, dedos levemente separados, (PSMMDS); São característicos ou comuns em pessoas com tendência a serem: sonhadoras, idealistas, confiantes, compulsivas, maleáveis, cordatas, flexíveis, participativas, sociáveis, alegres, amigáveis, solidárias e outros. Com as palmas para cima – (PC)

2. Punhos rígidos, mãos rígidas com dedos próximos, (PRMRDP). São característicos da expressão de pessoas com tendência a serem: nervosas, econômicas, restritivas, tímidas, reservadas, conservadoras, autoritárias, desconfiadas, realistas, francas, lacônicas e outros. Com as palmas para baixo (PB).

  • Gestos de Mãos

 

Visitas

PSMMDS/PC

PRMRDP/PB

20

08

12

G4. Gestos de mãos, observação natural realizada no período de 27/05 a 06/06 de 2013.

 

 

 

2.3.3.2. OLHARES                                 

                              Para o senso comum os olhos são o espelho da alma, não muito diferente, no senso cientifico ou acadêmico, os olhos são reflexos da subjetividade, um passaporte para a interioridade do ser. Para esta seleção, os olhares não foram valorizados como únicos, o entrevistado olhou para a pesquisadora e para o entorno de várias formas, assim, o modo mais viável de seleção/interpretação foi captar os olhares mais incidentes em cada entrevistado.

                                  A interpretação dos olhares de modo acadêmico e contextualizado não é tarefa fácil, por esta razão, e por tratar-se de apenas uma primeira visita às famílias, as expressões menos complexas foram selecionadas, tais como: 1. Olhar direto; 2. Olhar de esgueiro (desvio ou fuga); 3. Olhar para baixo e 4. Olhar para o alto.     

  1. Olhar direto: geralmente franco, honesto, de quem não tem intenções escusas, captador, dialogal e desafiador;
  2. Olhar de esgueiro: denota intenções escorregadias, fugidias, não demonstram abertura, honestidade e franqueza;
  3. Olhar para baixo: pode denotar vergonha, acanhamento, timidez, desconfiança, rejeição com inferioridade, desonestidade e demais problemas de caráter;
  4. Olhar para o alto: tendência a autoproteção, desconfiança, rejeição com superioridade, superioridade, egocentrismo, egoísmo, inventividade, criatividade e idealismo.
  • Olhares

 

Visitas

Direto/Baixo

Direto/Alto

Direto/Esgueiro

 

07

0

01

20

Esgueiro/Baixo

Esgueiro/Alto

Esgueiro

 

06

04

01

G5. Olhares dos anfitriões, período de 27/05 a 06/06 de 2013.

 

 

 

                    

3. DADOS COGNITIVOS

                               Nesta análise, os dados revelaram a forma conceitual ou compreensão dos pais acerca da vida escolar dos filhos, se devem participar dela ou não. Também revelaram a forma como compreendem a educação dada aos filhos, se com limites ou não. A pesquisa considera este um dos dados mais relevantes para a compreensão das origens da conduta da criança manifesta na escola. Os gráficos relativos ao item cognitivo são, por um lado, reveladores e, por outro, apenas reforçam perspectivas já existentes.

 

3.1. EDUCAR É ...

                               O conceito que os pais têm de Educação é variado, para eles educar é difícil, seus conceitos sobre o assunto são: não deixar faltar nada, dar de tudo, oferecer o necessário, não abandonar, estar presente, ensinar a ser honesto, ensinar o que é certo e outras opiniões mais.

 

  • Educar é ...

 

Visitas e Contatos

Educar é não deixar faltar nada

Educar é estar presente

34

24

02

 

Ensinar a ser honesto    

Ensinar o que é certo

 

03

02

 

Preparar para o sucesso e o futuro

Não abandonar

 

02

01

G9. Educar é ...,  conceitos coletados no período de 27/05 a 06/06 de 2013.

 

3.2.  EDUCAÇÃO E LIMITES

                                A reação à pergunta sobre o modo de educar os filhos foi também franca e direta, exigindo da pesquisadora o mesmo cuidado tido com o item anterior, ou seja, uma maior preocupação com as argumentações espontâneas, quando não dadas, estas foram provocadas. Os argumentos são pontuais, o que não significa serem corretos ou precisos, entretanto, respeitados por retratarem o modo de pensar dos pais. Os limites são conhecidos pelos pais por que, de modo mais ou menos rigoroso, os receberam na infância, na educação familiar. Para os pais o termo limite significa excesso de rigor e maus tratos, sofrimentos, castrações, bloqueamentos ou impedimentos, por que pensam assim, preferem não aplicar limites na educação dos filhos, alegam não desejar repetir o que, denominam de erro dos seus pais.

                              Outros pais alegam não afrontar a vontade do filho para não criar problemas desnecessariamente, deixam os filhos à vontade para fazerem o que, como e quando desejam, com isso, conseguem um pouco de sossego e tranquilidade. Em índice menor, porém conscientes, estão representados os pais que acreditam que a educação deve ter limites, e que estes preparam melhor o filho para a realidade da vida, no presente e para o futuro.

                              Na análise deste dado estão incluídos as 20 visitas presenciais e os 14 contatos por telefone, somando 34 respostas.

 

3.2.1. EDUCAÇÃO COM E SEM LIMITES

  • Educação com e sem limites

 

Visitas e Contatos

Educação com limites

Educação sem limites

34

07

27

G7. Educação com e sem limites, dada pelos anfitriões aos filhos, observação do período de 27/05 a 06/06 de 2013.

  

4. DADOS SOCIOCULTURAIS

                                 A pesquisa identifica como dado sociocultural, duas categorias de análise: a primeira categoria é a rotina familiar, em que estão presentes os valores, princípios e padrões da sociedade e da cultura, todos vigentes. Como vigentes estão os padrões explícitos e os subliminares, os explícitos são obedecidos pela conduta individual. Padrões subliminares são conhecidos, nem sempre seguidos a risca, por conveniência, dificuldade ou descuido. Vigentes ou não, são padrões que direcionam e orientam o modelo de conduta e da educação dada às crianças. A segunda categoria de análise é a posição da criança na família.  

                                Um texto simples, com modelos apresentados em forma de quadros, com algumas ações rotineiras, foi dado aos pais para que escolhessem qual quadro representava melhor a rotina de sua casa.

                              O cérebro sempre busca equilíbrio, por isso as escolhas são geralmente focadas nas alternativas centralizadas, nestes casos, a opção dos pais indica falta de interesse na escolha, uma ação automática em que os reflexos cerebrais e condicionados predominaram na escolha. Muitas vezes a seleção pelo primeiro item visto, se dá para diminuir o esforço e terminar logo, foi o que aconteceu na seleção do quadro 1.

                             O olhar pode procurar a atividade do prazer, ou a que oferece maior satisfação e descanso, isso por que os pais estão sedentos de momentos de relaxamento e tranquilidade. Nestes casos, a seleção foi pelo quadro que obtinha a ação ver TV.

                             A opção pelo quadro 1, 2 e 3 indica uma seleção franca, a que revela o não envolvimento dos pais na vida escolar dos filhos. O descuido dos pais não os deixou perceber que no quadro 3 não havia a ação trabalhar, prova a seleção automática.

                           O quadro 4 foi a escolha de pais que se interessaram pela atividade, e procuraram cuidadosamente o quadro em que retratasse a vida familiar, tal como a vivenciavam. Seguem os quadros com o total das opções logo abaixo entre parênteses.  

     

4.1. PARTICIPAÇÃO NA VIDA ESCOLAR, COM MONITORAMENTO DA TAREFA DE CASA

                               Os índices relativos ao não comprometimento dos pais com a escola foram altos. Os pais foram diretos nestas respostas, não justificaram, nem mascararam a realidade, e fizeram com que a pesquisadora observasse melhor os argumentos e posturas dadas. Com isso, a interpretação se tornou relativamente fácil, por que foi verbalmente oferecida pelos próprios pais, a não participação mais ativa na vida escolar dos filhos se deve ao entendimento de que esse é um assunto único e exclusivo da escola. A não interferência nas tarefas de casa também é responsabilidade exclusiva do professor.

  • Participação, ou não, dos pais na vida escolar, (PVE e NPVE) do filho e monitoramento das tarefas de casa, (MTC e NMTC).

 

Visitas

PVE        NPVE

MTC       NMTC

20

  1.  
  1.  

G6. Participação na vida escolar e monitoramento das tarefas de casa, observação do período de 27/05 a 06/06 de 2013.

4.2. A ROTINA FAMILIAR – 100% = 34

Dormir

Acordar

Comer

Trabalhar

Estudar

Educar

Dormir

   ( 02 )

Dormir

Acordar

Comer

Trabalhar

Passear

Dormir

  (11)

Dormir

Acordar

Comer

Estudar

Ver TV

Dormir

  ( 11 )

Dormir

Acordar

Comer

Trabalhar

Estudar

Dormir

   ( 10 )

 G8. Rotina familiar – quadros preenchidos no período de 27/05 a 06/06 de 2013.

4.3. POSIÇÃO DA CRIANÇA NA FAMILIA – 100%=34

                                As respostas dos pais a este item foi variado, para interpretá-las tal como disseram procurou-se os indicadores mais comuns, entre estes, metade direcionava para preocupações mais focadas no momento presente (preocupações focadas no momento presente – PFMP) e a outra metade se focou no futuro das crianças (preocupações do presente, focando no futuro – PPFMF). 

  • Posição da criança na família.

 

Visitas e Contatos

PFMP

PPFMF

34

24

10

G10. Posição da criança na família, observação realizada no período de 27/05 a 06/06 de 2013.                       

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

                                Nestas considerações finais sinto a necessidade de agradecer profundamente o acolhimento e a colaboração dos pais no levantamento de dados para a análise das visitas familiares. A objetividade e franqueza deles certamente contribuíram sobremaneira para elevar o nível de cientificidade e fidedignidade desta pesquisa.

                               Caminhar por entre as ruas arborizadas, as casas desta cidade, onde passei os melhores dias de minha infância e juventude, representou para mim uma experiência impar, única e enriquecedora. Os cheiros, as cores e sons desta cidade são agradáveis, revelam familiaridade e segurança, um bom lugar para criar e educar crianças. 

                             Em meio a sensações tão acalentadoras me deparei com situações desafiadoras, endereços inexistentes, mudanças de endereços e mudança na denominação de ruas, somente contornáveis com a colaboração dos vizinhos, que prestativos e oportunos ofereceram informações, novos endereços, telefones, com gestos simbólicos e precisos.

                             No decorrer deste relatório tive o cuidado de fechar cada item com as devidas análises, por isso seria impróprio retomá-las, todavia, preciso resgatar alguns itens preocupantes, os itens 3 e 4.

                               No item 3, dedicado aos Dados Cognitivos, estão registrados os conceitos que os pais têm acerca do significado de educar, em que percebi os efeitos da educação familiar, de cada pai e mãe e, os reflexos desta na educação dos filhos. Os pais se mostram ressentidos com a restrição e o sofrimento em suas infâncias, não querem o mesmo para seus filhos. Para os pais, o termo limite é sinônimo de restrição, impedimento e limitação, teme lançar mão de limites junto à orientação de conduta dos filhos, porque temem também a repreensão social e legal. Tal temor mostra a distorção conceitual dos pais com relação a limites, não os percebem como normas de boa conduta, de socialidade, boas maneira, de aceitação/adaptação e transformação sociais. Não os compreendem como mecanismos da cultura, criados por nós mesmos, para a nossa segurança e bem estar, padrões de valores e princípios que orientam a conduta e auxilia na construção da identidade, na definição da posição e da postura social. Os limites socioculturais são os instrumentos da resiliência pessoal, através deles as pessoas superam suas dificuldades, sem perder o humanismo. Visto por este prisma, os limites são libertadores por que embasam os valores da vida, do trabalho, o lazer, das realizações, dos afetos e tudo mais. Não são rígidos, e sim passiveis de transformações, de qualquer forma, são essenciais no direcionamento da  evolução humana, equitativa e justa.

                               O item 4, a rotina familiar foi retratada pelos quadros 1, 2, 3 e 4, o quadro 1 com 11 indicações, o 2 com 10, o 3 com 11 e o 4 com 02.  Busquei informações da rotina das famílias visitadas para identificar os padrões da cultura familiar, os encontrei sem dúvida, mesmo por que uma família não existe e coexiste sem padrões. Contudo, os valores que embasam a educação familiar não parecem estar focados na vida escolar ou no estudo. O período escolar é percebido pelos pais apenas como um momento da infância, uma obrigação dos pais como adultos, para com os filhos menores de idade, um período que passa, os filhos irão crescer e cuidar das próprias vidas. Talvez seja esta a razão para destacarem como conceito de educar a obrigatoriedade de não deixar faltar nada para as crianças, no pensar dos pais as crianças precisam de casa, calçado, comida, cama, roupa e remédios para poderem crescer sadios e fortes. A formação parece não fazer parte da educação dos filhos, uma vez que não deixar faltar nada, somente se refere às coisas materiais ou à materialidade da educação.

                                Diante de tais constatações cabe à escola decidir se abrirá ou não a discussão com os pais, no sentido de informa-los melhor sobre a abrangência da formação das crianças, alertá-los para o fato de que nos dias atuais a educação é definitivamente uma ação social, com responsabilidades divididas entre pais e mãe, dividida também entre a escola e a família. E se os pais precisarem de ajuda, se estiverem eles cansados, esgotados, enjoados, deprimidos, desalentados, desanimados e desesperançados, a escola não é o espaço ideal para esse tipo de atendimento, mas é sem duvida, uma oportunidade de encaminhamento e orientação.  No entanto, se os pais estiverem desatualizados, a escola é o espaço ideal para se colocarem atualizados em seus conceitos, sobretudo no que se refere aos reflexos de suas decisões. O que claramente percebi, foi que os pais não têm a dimensão de suas atitudes, não compreendem que ao deixar a criança fazer o que bem entende, estão dificultando o trabalho do professor na sala de aula.

                               Muito já foi feito, esta sendo feita, mas também há muito a fazer, a pesquisa levantou questões muito importantes e sérias, aproveito a oportunidade para deixar o meu registro e a minha vontade profissional de continuar contribuindo com as famílias, a escola e a educação de nossas crianças, por isso coloco-me a disposição.

 

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA

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Palestina 09/06/2013

 


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